quarta-feira, 29 de junho de 2011

Franz Kafka

O CONVIDADO

Ele recebeu o convite para uma festa em uma velha casa de Praga. No convite estava escrito que a festa ocorreria dali a uma semana, em um sábado à noite, e que o traje exigido seria fraque e cartola.

Como não possuía fraque nem cartola, decidiu juntar as suas economias e alugar ambos em uma loja da cidade. Abriu e reabriu o envelope para ler e compreender que festa seria aquela. Aniversário? Casamento? De quem?

Não possuía amigos, só colegas no escritório de contabilidade em que trabalhava havia mais de vinte anos. Como nunca havia sido convidado antes para uma festa, fez questão de ir.

Ao chegar ao local, foi recebido por um homem de uns 60 anos, vestido também de fraque e cartola. Quando ele olhou fixamente no rosto do homem que o recebeu, teve a nítida impressão de que era o seu pai, do qual só vira um retrato quando criança, ou alguém muito parecido com ele.

Entrou no enorme salão vazio. O homem parecido com o seu pai e também com ele mesmo serviu-lhe champanhe, caviar, presunto parma, tudo do melhor.

O convidado fartou-se e, quando deu por si, estava a caminho de sua casa, sem entender nada, mas feliz por ter sido o único convidado para aquela festa feita para ele, por um motivo que ele ignoraria para sempre.

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